Você já percebeu que as pessoas não sabem como lidar com as perdas? E você, está preparado? Você se sente preparado para amparar seus amigos nesta hora tão difícil?
Tenho observado em nossa cultura, cada vez mais, uma forma muito
ilusória de se lidar com a dor da perda, seja por morte ou separação. As
pessoas não aceitam quando alguém expressa sua dor. Eu defendo sempre o
Luto para as pessoas que aconselho. Costumo dizer que o Luto leva mais
ou menos algo em torno de um ano. Assim encerra-se uma espécie de ciclo,
para que a pessoa possa efetivamente refazer-se por completo. Não me
refiro ao sentido de Luto que alguns compreendem, que trata de impedir a
pessoa de sair, divertir-se, demonstrar felicidade. Falo de outro tipo
de Luto, aquele que trata dos sentimentos. Nossa cultura tem pregado que
precisamos ser fortes, superar com muita rapidez tudo. Na prática isso
não é assim. Para superar a dor precisamos de tempo.
Na primeira
fase do luto tudo está muito bagunçado, sua casa, seus sentimentos,
neste momento deve buscar muito o seu próprio silêncio, respirar muito,
entregar-se nas mãos de nosso Pai. Não se deve fazer muitas mudanças,
nem tomar decisões muito importantes aqui. O que for possível evitar
resolver neste momento, melhor. Você não tem clareza sobre nada ainda.
Deve ter muita vontade de chorar aqui, o tempo todo, e deveria chorar
mesmo, porque quem não chora suas dores para fora nestes primeiros três
meses, passa depois anos e anos chorando por dentro. E a dor que era
emocional se transforma em dor física e até dor de alma.
Na
segunda fase ainda não colocou ordem na casa. Ainda não tem certeza de
como exatamente vai continuar com tudo. A dor ainda é forte demais, mas o
susto já passou, já consegue se distanciar do acontecido e começa a se
reconstruir e a olhar para a vida como uma nova vida. Já pode ir tomando
algumas decisões. Começa a refletir com mais clareza. Ainda tem muita
vontade de chorar, mas em momentos mais específicos.
Na terceira
fase do luto começamos a colocar a casa em ordem. A casa física e a sua
casa interna. Aqui já se passaram algumas datas importantes, você está
aprendendo que pode se sentir inteiro de novo, que pode pensar em novos
horizontes, novos planos, novos projetos. Sente menos vontade de
chorar. A tristeza é grande. E a saudade começa a ganhar o espaço da
dor.
Na quarta e última fase você já conhece seu novo ”eu”.
Compreendeu que a felicidade ainda te pertence, sente que a vida vale a
pena. Começa a colocar em prática os novos rumos, novos projetos...
Consegue passar mais tempo sem sentir tanta tristeza. Colocou sua casa
em ordem de novo. Tudo tem um novo lugar, uma nova função. A dor é
pequena. A saudade é imensa. E alguns dias serão mais difíceis e outros
mais fáceis. A saudade rasgará para sempre seu coração. Sem pena. É
assim que tem que ser. O amor carrega a dádiva de ser eterno, e por isso
o espaço que aquela pessoa ocupa no seu coração continuará para sempre
ali, preenchido pelas memórias, sentido pela saudade.
E assim um ano se passou... e as lágrimas de dor dilacerante agora correm de saudade.
”Saudade
é a falta que sentimos de quem podíamos ser através daquela pessoa que
amávamos. Sejamos gratos a esta pessoa por tudo que nos propiciou ser e
viver.”
Vivamos o Luto! Não tenhamos medo de nos mostrar feridos. Fragilizados, desconstruídos.
Leve o tempo que achar necessário para se refazer, se reconstruir.
Chore
no momento que for de chorar e quando achar que está pronto erga-se
sobre seus alicerces de fé e amor e siga em frente, talvez com algumas
lágrimas, mas com muita esperança na vida.
Satya, pela inspiração de seu espírito guia.